Nessa vídeo aula retomamos alguns conceitos e discussões dos primeiros módulos do nosso curso com o intuito de nos aprofundarmos posteriormente em questões da educação especial. Para pensar na educação especial é importante pensarmos na três revoluções educacionais que já passamos:
1ª revolução educacional
A 1ª revolução educacional aconteceu no Egito, aproximadamente há 2500 anos atrás. Era um educação exclusiva da Aristocracia, ou seja, apenas filhos dos faraós e de pessoas nobres da sociedade tinham algum nível de instrução. Os professores eram chamados de preceptores pois cada professor atendia a um aluno por vez, era uma educação individualizada. Esses preceptores eram contratados para cuidar da vida acadêmica e escolar daquela criança até sua fase adulta. Os alunos aprendiam: matemática, aritmética, gramática, astronomia, geometria entre outras disciplinas.
Esse modelo de escola da primeira revolução educacional se estendeu até o século XVII.
2ª revolução educacional
A 2ª revolução educacional aconteceu com as consolidação dos Estados Europeus no início do século XVIII. Era um contexto histórico do fim do feudalismo para o início da nacionalização dos países europeus e principal medida que marca a 2ª revolução educacional é um decreto do Rei Frederico Guilherme II da Prússia que estabelece em 1787 que a educação deve ser pública e sob responsabilidade do Estado (até então a Igreja se responsabilizava pela educação).
Embora o decreto afirmasse que a educação era pública, não podemos dizer que a escola era para todos. Havia uma homogeneização dos alunos e apenas 10% das pessoas tinham acesso a escola. Outra característica dessa escola e que ainda é um modelo até os dias atuais é a organização da sala: alunos enfileirados, sala fechada e professor à frente.
Nessa escola homogeneizada não cabiam alunos com qualquer tipo de dificuldade de aprendizagem ou qualquer tipo de deficiência. A escola era apenas para os meninos que se encaixavam no padrão daquela sociedade.
3º revolução educacional
Chegamos então à 3ª revolução educacional que agrega a escola dos dias de hoje. A 3ª revolução tem como início o século XX nos países europeus, e as décadas de 70 e 80 (aproximadamente) no Brasil.
O grande marco é a universalização do acesso à educação que ocorre concomitantemente com a democratização da sociedade contemporânea. Agora podemos dizer que a escola é para todos, independente das diferenças sociais, econômicas, raciais, psicológicas, religiosas, ideológicas, culturais e de gênero. A grande questão e o grande desafio dessa escola que trabalhamos e que colocamos nossos filhos é:
- Como uma escola que foi projetada no século XVIII, para uma sociedade padronizada, vai suprir os problemas de hoje numa sociedade completamente pluralizada? O professor tem que enfrentar alguns desafios que entre outros estão: a diversidade de camadas sociais dentro da escola (pobres, ricos, indígenas, moradores de rua), a diversidade sexual, diversidade de etnias, de religião ou seja, como o professor vai democratizar sua sala de aula sendo que nem mesmo sua sociedade é democrática com as minorias?
Além de conviver com a diferença e a diversidade, o professor também tem que estar preparado para trabalhar com alunos com necessidades especiais e deficientes. Sendo que muitas vezes o próprio professor pode conviver com tais pessoas especiais em sua vida pessoal e não saber lidar muito bem com elas. Porém, a partir do momento em que a pessoa escolhe ser professor ela necessariamente tem que estar aberta à todos os tipos de criança, um professor não pode nunca fazer discriminação entre seus alunos. Ele é o primeiro a dar o exemplo na classe de respeito ao próximo e de convivência democrática.
O professor tem que trabalhar as relações interpessoais com seus alunos: o respeito ao próximo, o respeito à diferença, os valores, o respeito do espaço do outro. Mesmo que esse "outro" não seja a pessoa que estamos habituadas a conviver. Porém quando mais diferente uma sala de aula, mais rica ela é, porque junta diversas culturas num mesmo espaço de convivência. Isso não deve ser visto como algo ruim, mas algo totalmente positivo para o processo educativo.
O professor tem que tomar muito cuidado para que a educação inclusiva não seja perversa, e não exclua ao invés de incluir. Ele tem que se colocar no lugar do outro para perceber se aquele seu aluno especial está a vontade na sala, se está confortável como seus outros colegas. Ao contrário do que muitos pensam, a educação especial não deve ser visto como um bicho de sete cabeças, mas como pessoas especiais que vão acrescentar na formação dos alunos e da classe como um todo.
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