O "Uh-batuk-erê" é um grupo de percussão e dança que organizou-se na escola EMEF "Prof.ª Esmeralda Salles Pereira Ramos" na Zona Norte de São Paulo. Segundo o blog oficial do grupo: O objetivo é desenvolver um projeto integrador que facilite a compreensão e a habilidade de lidar com a diversidade das relações sociais e culturais, tendo como protagonistas os atores que compõem o espaço-escola num processo educacional não excludente. Também, articular as comunidades escolar e do entorno, levando nossas experiências com o projeto, tornando-o referência comunitária de cultura afro-indígena brasileira. Ou seja, estabelecer diálogos com a comunidade com a finalidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas que ali moravam.
A necessidade em se fazer um projeto com tal finalidade era a característica da comunidade, por tratar-se de uma comunidade em que se localizava em área de risco, com ocupação dos imóveis de maioria irregular, uma comunidade portanto, carente e vulnerável tratando-se do quesito violência. Os alunos dessa escola que atendia a comunidade eram alunos sem identidade própria e sem sentimentos de pertencimento do local. Os professores e mediadores do projeto sentiram a necessidade de realizar uma ação que resgatasse nesses alunos tais sentimentos e juntamente resgatar também a auto-estima dos mesmos; para que os alunos percebessem e incorporassem uma autonomia diante da comunidade, da escola, da sociedade de modo geral.
Sendo assim, os professores idealizadores do projeto pensaram em usar a arte como mediadora do multiculturalismo, fazendo esse resgate à cultura afro-indígena. E toda essa ação começou com encontros de formação e conversas, oficinas de dança, capoeira, percussão, canto e artesanato. Posteriormente iniciaram-se os fóruns comunitários que tratavam dos problemas e desafios sociais. Trilhas culturais e de observação eram realizadas com o intuito de conhecer e comparar com outros espaços sociais e outras vivências, além de mostrar a importância de voz ativa da comunidade. Depois de todo preparo iniciaram as apresentações primeiramente internas para a própria comunidade conhecer o projeto e depois as apresentações externas com o objetivo de fazer com que outras comunidades também os conhecessem.
Dentre os inúmeros pontos positivos que o projeto trouxe à comunidade e a escola, estão:
- O protagonismo juvenil que se funda como característica dos alunos da escola;
- O reconhecimento da escola como centro de referência da cultura afro-indígena;
- Menções honrosas que o projeto recebeu na Prefeitura Municipal de São Paulo;
- Premiações como a do Instituto Cidadania;
- Apresentação do espetáculo "Mulheres e Divindades" na Funarte.
- O estabelecimento do diálogo entre a escola e a comunidade, por meio da ação e da emoção;
- A mudança de comportamento dos alunos, assim como as relações e o respeito difundido e presente agora na escola;
- Diminuição dos estigmas, preconceitos e desigualdades que era presentes na comunidade.
Todo o projeto teve desde o início o caráter de buscar resultados concretos e visíveis na comunidade por meio da cidadania e da arte, fazendo com que a história da comunidade fosse marcada e mudada para sempre. Com isso, o principal aprendizado que absorvemos do projeto Uh-batuk-erê é que a educação tem responsabilidade comunitária de melhorar os aspectos e a qualidade de vida das pessoas que estão no seu entorno.
Segue um vídeo de uma excelente apresentação que o Projeto Uh batuk erê realizou na Praça na Sé, em comemoração no dia 1º de maio de 2012. Vale a pena assistir e prestigiar esse projeto que mudou e melhorou a vida de uma comunidade. Parabéns aos idealizadores!
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