Bom dia à todos, falaremos hoje das relações com a comunidade e o fortalecimento do trabalho em rede. Para tal é importante iniciarmos nossa conversa falando um pouco sobre nossa realidade social.
Vivemos uma sociedade multifacetada onde tudo é muito inconstante e efêmero. Em política costumamos dizer que o povo não tem memória, pois tudo cai no esquecimento rapidamente e políticos corruptos voltam à cena depois que as pessoas esquecem os males que ele fez. A contemporaneidade é um tempo paradoxal onde tudo é medido e mensurado: valores, ideias, opiniões, conceitos, modos de vida, grupos. A era tecnológica nos trouxe aprimoramentos incríveis mas também distanciamento de nossas relações inter-pessoais. A modernidade mudou a forma como vivemos e como enxergarmos o mundo, na minha visão particular ela melhorou nossas vidas em alguns âmbitos, mas piorou em outros.
Enfim, vivemos um período de tensão entre o que consideramos moderno e tradicional. Vemos essa dicotomia claramente no comportamento dos jovens, uma vez que eles ficam fascinados com o comportamento dos amigos e de seus perfis sociais, enquanto vivem uma relação distante e conflituosa dentro de casa com seus familiares. Ao mesmo tempo em que queremos nos modernizar e sermos indivíduos à frente do nosso tempo, também queremos preservar algumas tradições enraizadas do nosso grupo. É nítido esse conflito entre todas essas pessoas independente de suas idades. Tanto que frequentemente vemos no quesito da moda e vestimentos (por exemplo) um resgate ao passado, um resgate ao que foi moda em outros tempos, de modelos de roupas e de corte de cabelo, o famoso vintage e o pin up. Ao meu ver é importante a observação da moda como reflexo da sociedade.
Uma outra tensão social delicada é a questão da cultura de massa versus a cultura local, que também trata-se de modernidade versus tradição. O indivíduo quer se enquadrar nos grupos reproduzindo as características dos tais, mas também não quer perder suas características e subjetividade dos grupos locais. Tudo de trata na verdade de um conflito entre a competição e a igualdade: queremos sobressair mas queremos ser iguais simultaneamente. Todos esses conflitos e tensões sutis e importantes da sociedade são relevantes quando falamos de comunidades locais. É a realidade, é o que vivemos hoje. Tudo isso porque a comunidade é uma realidade social que garante a permanência de laços estreitos e subjetivos. É onde existe uma afetividade e um sentimento de pertencer aquele local. Observamos uma reciprocidade dentro do grupo, fazendo com que ele reafirme-se como tal.
Sendo assim a comunidade é um local privilegiado onde a cidadania deve sobressair. É o espaço ideal para que as relações humanas sejam fortalecidas em prol da coletividade e do bem estar de todos. Por esse motivo devemos ressaltar a grandeza do trabalho em rede na resolução de problemas e na preservação do que deve ser resguardado. O trabalho em equipe dentro da comunidade pode potencializar e melhorar os recursos da comunidade; fortalece a resolução dos conflitos trazendo diferentes visões e expectativas; fortalece o papel social de cada indivíduo mostrando que todos são fundamentais no grupo cada qual com sua opinião e ideia.
E a escola DEVE estar no meio da comunidade, envolvendo-se, interagindo e buscando uma melhor qualidade de vida com todas essas pessoas, mesmo com todos os conflitos e tensões sociais. A escola é um mecanismo da sociedade, um caminho para que a cidadania seja iniciada e preservada. Um local de aprendizagem de conteúdos, mas também de estreitamento de laços sociais, preservação da subjetividade individual, e do fortalecimento do trabalho em equipe.
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