(Disponível em http://migre.me/bvgsV)
O fenômeno do Bullying não é recente, suas primeiras pesquisas datam de 30 anos atrás, mas, o que aconteceu na sociedade para que as brincadeiras de mal gosto de antigamente se tornassem num problema tão grave como vemos hoje? O problema do bullying, a indisciplina, a ausência dos pais na vida escolar de seus filhos e todos os problemas da escola atual derivam de um problema estrutural: a falta ou a perda dos valores morais. E esse é o motivo para estarmos aqui, estudando a ética, os valores e a cidadania na escola. Se não fosse um problema nós não precisaríamos estudar, mas é um problema enorme que deriva todos os outros. Faltam valores de respeito, de tolerância, de solidariedade, de colaboração, de aceitação! E não é um problema de cunho escolar apenas, é um problema sistêmica de uma sociedade carente de ética e de cidadania. Temos um quadro repleto de anomias sociais acontecendo em todos os aspectos. O problema é bem amplo e ao meu ver tem haver com o modo de vida consumista, a sociedade imediatista, capitalista, e a ganância do TER, em contrapartida da ausência do SER. Mas enfim, vamos ao bullying:
Antes de mais nada precisamos entender, o que é afinal o Bullying?
- São atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente. Tem uma duração prolongada e geralmente não tem motivos. Exemplos: xingamentos, humilhação, difamação, constrangimento, ameaça, perseguição, agressão física e etc.
Segundo dados da ABRAPIA (Associação Brasileira Multiprofissional de proteção à Infância e à Adolescência), aproximadamente 40% das crianças sofrem bullying dentro da sala de aula e na presença de um adulto; 50% não falam sobre o problema para os professores ou para os pais com medo de represálias.
Qual o perfil das vítimas?
É necessário salientar que o perfil das vítimas se dá pelo acúmulo de várias características e não apenas uma delas: geralmente a criança é introvertida, tímida, tem dificuldade para interagir, tem alguma característica diferente que sai do padrão (usa óculos, tem sobrepeso...), pode acontecer com os hiperativos e impulsivos, e podem deslocar de vítimas para agressores.
Qual o perfil dos agressores?
São crianças ou jovens que tem dificuldade para respeitar regras, tem espírito de liderança, não aceitam frustrações, cometem pequenos delitos, tem baixo desempenho escolar, são desafiadores, agressivos e por vezes mentirosos. Alguns agressores passam por problemas pessoais e agem dessa forma como um meio de descontar todas as frustrações e chateações.
Os expectadores são tão culpados quanto os agressores, porque eles são o "público" dos agressores. Não existiria bullying se os colegas não achassem engraçado ou estimulassem. Os expectadores contribuem para o crescimento e para a permanência do bullying nas escolas. Hoje também temos o crescimento do Cyberbullying, que é um bullying virtual feito através da internet ou pelas redes sociais. É umas forma mais ampla e mais difícil de combater porque os agressores são anônimos; tem uma dimensão multiplicador muito maio devido a conectividade das pessoas e é passível de ação penal, caso identificado.
Algumas consequências: a vítima do bullying pode ter uma forte tendência a isolar-se do grupo, fecha-se na timidez, adquire medo de falar em público, apresenta uma queda no rendimento escolar, pode sofrer de fobia escola (medo da escola, inventa motivos para faltar à aula), ficam irritadas, tristes e nos casos mais graves desenvolvem a depressão, a anorexia, a bulimia, o síndrome do pânico e até mesmo o suicídio e o homicídio.
Como a escola deve agir?
Buscando a construção dos valores morais, do respeito ao próximo, da tolerância, do respeito à diferença por meio de conscientização. Promover um ambiente escolar que transmita confiança, solidariedade e cooperação para os alunos com regras e limites que devem ser cumpridos rigidamente e acima de tudo promover a democratização da escola, onde todos tenha oportunidade de expor seus sentimentos, problemas, felicitações; um ambiente que promova a cidadania e a busca do bem estar coletivo; um ambiente que promova assembleias com toda a comunidade escolar para que TODOS exponham problemas e busquem alternativas e soluções. Eu acredito nesse caminho e acho que somente com escolas democráticas nós poderemos mudar o quadro da educação brasileira.
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