quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Vídeo aula 3 - O juízo moral na criança

Olá, boa noite à todos.
Essa é a 3ª vídeo aula do Módulo 1 no curso de especialização em "Ética, valores e cidadania na escola" e a 1ª vídeo aula da disciplina Educação e Valores.
O tema da vídeo aula é baseada no livro do psicólogo Jean Piaget "O juízo moral na criança", onde ele traça um processo de desenvolvimento da autonomia do indivíduo. Primeiramente, vamos refletir sobre a seguinte frase de Piaget:

"Toda moral consiste num sistema de regras, 
e a essência de toda moralidade deve ser procurada no 
respeito que o indivíduo adquire por essas regras."


Ao meu entender, Piaget quer dizer que mais importante do que o indivíduo obedecer simplesmente as regras às cegas, ele deve respeitar, internalizar e entender tais regras. Obedecer simplesmente por medo de algum castigo não vai fazer com que aquele indivíduo reflita sobre aquela determinada ação, mas uma vez que ele internaliza essas regras fará com que aquela regra tenha significado e importância para ele, e sendo assim, será quase impossível ele quebrar tal norma. Isso é muito importante para a criança, que durante seu desenvolvimento e principalmente na infância terá uma série de regras e normas a cumprir que ela não terá noção do porquê dela estar cumprindo. A regra tem que ser passada para a criança de uma forma que conquiste-a, que crie um significado para ela. 

Jean Piaget conceitua como anomia aquela fase onde a criança é incapaz de seguir qualquer regra, onde a criança é recém nascida e ainda não programa suas ações. Essa criança chora para se comunicar quando está com fome, dor, frio ou incomodada com alguma coisa. Nessa fase da infância e nos anos seguintes é a fase onde o egocentrismo infantil é mais alto pois tudo gira ao redor dessa criança, suas ações não tem hora nem lugar para acontecerem, as ações são determinadas apenas pelas suas vontades. Anomia portanto significa um indivíduo sem regras, sem normas.

Depois da anomia, a próxima fase é a heteronomia onde a criança começa a perceber que existem algumas regras que ela precisa seguir, regras bem básicas por enquanto como não urinar em qualquer lugar, não chorar em qualquer lugar, não comer em qualquer lugar. Ela percebe que existem coisas que ela pode fazer e coisas que ela não pode fazer. Mas é um processo de aprendizagem que não acontece todo de uma só vez, mas diária e repetidamente através principalmente da socialização e da interação com outras crianças. Nessa fase o egocentrismo começa a perder força e a criança consegue enxergar que o mundo não gira ao seu redor, mas que existem outras crianças e que elas também são relevantes e determinantes naquele meio.

E a última fase e fase esta que todas as pessoas deveriam alcançar é a autonomia. Quando dizemos que um indivíduo é autônomo, significa que ele já internalizou, já compreendeu e agora respeita as regras de um determinado meio social. A ação de respeitar as regras é automático nessa pessoa e não há mais necessidade de explicar várias vezes os motivos pelos quais devemos respeitar, pois já está intrínseco nela. Nessa fase o egocentrismo atinge seu menor nível e o indivíduo entende que o bem coletivo deve prevalecer e não as vontades individuais.

Vamos entender os modos como as regras podem ser compreendidas pela criança:


É evidente que qualquer criança vai internalizar a regra melhor pelas relações de cooperação e de respeito mútuo, uma vez que ela vai captar que assim será positivo e contribuirá para o seu próprio bem estar. Quando ela é tratada com coação e respeito unilateral, gera nela um sentimento negativo e ela criará raiva de ter que obedecer aquela regra, sendo assim ela dificilmente respeitará aquela determinada norma. Não vale só para crianças, acredito que a maioria dos problemas em sala de aula acontecem por não haver respeito mútuo, mas unilateral. Claro que o professor é a autoridade dentro da sala, mas ele tem demonstrar para seus alunos que eles também são respeitados, e a partir daí cria-se um laço afetivo que tornará o dia a dia muito mais leve e proveitoso. 

Ao desenvolver esse texto eu me lembrei várias vezes de um dos primeiros livros que li sobre educação, antes mesmo de entrar na faculdade e este livro é "Educação, a solução está no afeto" do Gabriel Chalita. Me considero uma pessoa idealista, talvez sonhadora demais, mas eu ainda acredito que a próxima revolução educacional será por esse caminho, o caminho da afetividade, de amor, das relações de amizade entre os profissionais da educação e principalmente com o aluno. Qualquer criança pode ser conquistada através do afeto, basta que estejamos abertos para isso. Aqui vai um trecho que gosto muito do livro:
"Respeito não se impõe, conquista-se. E a amizade com os alunos é essencial. Sem afeto não há educação." pág, 117.
"O grande desafio do educador é convencer o educando a valorizar o bem comum, a boa convivência, a responsabilidade partilhada, na esperança de um mundo cada vez melhor para esta e para as gerações que virão. " pág, 149.

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