A professora Viviane Pinheiro nos traz seus conhecimentos sobre as perspectivas atuais das pesquisas em psicologia moral e a primeira constatação é de que a moralidade faz parte da nossa identidade. Ou seja, ela é intrínseca ao indivíduo. O que nos diferencia é a maneira como lidamos com a moralidade e o papel dela em nossa vida.
Cada pessoa é um sujeito psicológico, e esse sujeito psicológico é construído a partir das nossas vivências, desde que somos crianças. Por isso é importante levar esse conhecimento para a escola, pois ali é o lugar que as crianças começam a exteriorizar aquilo que elas enxergam como o certo, como moral ou como imoral. Varia de criança pra criança e diante de algum fato, cada uma delas vai interpretar de acordo com sua moralidade, seus valores e sua ética. O que é ético para uma criança, pode não ser para a outra, então diante desse impasse cabe a escola definir o que é melhor para o grupo e não só para uma pessoa.
Voltando para a psicologia: cada indivíduo tem sua consciência e seu inconsciente. Dentro da consciência existem alguns aspectos que se inter-relacionam: aspectos biológicos, aspectos cognitivos, aspectos sócio-culturais e aspectos afetivos. A moralidade se encontra dentro dos aspectos afetivos, ou seja, o que regula os valores dentro do indivíduo são os sentimentos. Os valores são então, trocas afetivas que o sujeito realiza com o exterior, a relação do indivíduo com o meio em que ele vive. Existem os valores centrais, que o professor Ulisses Araújo já falou, que são aqueles valores principais em determinada situação e os valores periféricos, que são digamos, valores secundários. Vale ressaltar que os valores não são estáticos, visto que eles mudam e/ou alternam dependendo de cada situação. Por exemplo: podemos colocar a amizade como valor central em uma situação e na outra coloca-la como periférica. E varia também conforme onde ela está sendo aplicada: posso colocar a amizade como valor central dentro da escola, mas colocá-la como periférica dentro da minha casa. Ou seja, os valores mudam conforme o contexto, eles não são definitivos.
Ao dizer que os valores são regulados pelos sentimentos, significa que o que vai fazer com que eu repita ou enquadre aquele valor na minha vida, vai ser o que eu vou sentir em relação a isso. Se eu sentir prazer e/ou felicidade quando coloco a honestidade como valor central, então a honestidade se tornará um valor central. Se eu não me sentir confortável colocando a honestidade como valor central, então ela se tornará um valor periférico. E significa também que colocarei outro valor como central, nesse caso, pode ser a ganância ou a avareza. É importante perceber que estamos falando de vários valores dentro de uma situação, uns terão mais importância, outros valores terão menos importância.
Sendo assim é imprescindível que a escola trabalhe sempre vários valores e não só com os direitos e deveres da criança, como é feito tradicionalmente. É importante apresentar aos alunos os valores que eles não conhecem, e trabalhar com a criança valorizando nela o que é positivo e se atentando para aspectos que podem ser negativos. Mas sempre com a visão de que nenhuma criança é igual a outra e que cada uma coloca os sentimentos conforme sua visão de mundo. Então, nosso trabalho como educadores é evidenciar aos alunos que devemos trabalhar com colaboração, coleguismo, atenção, disciplina e visando o bem estar de todos, não com nosso interesses individuais.
(Disponível em http://migre.me/bkdbX)
Com essa imagem eu queria tentar demonstrar a vocês a complexidade do comportamento humano, que tudo que exteriorizamos é um conjunto de sentimentos/valores/conceitos/vivências que vemos ao longo da nossa vida. É assim conosco, é assim com as crianças e com cada indivíduo. Não podemos nunca fazer uma análise simplista e limitada de uma situação, devemos como educadores, olhar além da situação, enxergar os conflitos e o que levou a criança a agir violentamente, por exemplo.
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