Boa tarde. A vídeo aula 07 vem nos falar da complexa e delicada formação dos alunos com necessidades especiais dentro do contexto escolar. Vemos diferentes pontos de vistas que ora concordam entre si e ora discordam entre si, ficando o aluno no meio dessa desavença passando muitas vezes por situações constrangedoras.
Do ponto de vista dos familiares: A escola não está preparada ainda para receber seus filhos deficientes. Embora a Lei de Diretrizes e Bases que trata do assunto ser de 1996, embora já tenha 17 anos, o sistema educacional ainda não se enquadrou a receber esse aluno da melhor forma. Os pais contam que ainda existem escolas que não aceitam a matrícula de alunos de inclusão pela completa desestrutura. Relatam também que os professores não têm suporte pessoal e profissional para lidar com a questão, e que falta aos professores um trabalho em que olhe a capacidade, as habilidades e as necessidades da criança deficiente com atenção e respeito. Os pais pedem por uma parceria entre escola e família.
Do ponto de vista dos professores: A escola não oferece a estrutura que ele precisa para trabalhar com seu aluno de inclusão. Existe, infelizmente, uma naturalização da deficiência onde a equipe gestora não esforça-se como deveria para garantir a esse aluno uma formação cognitiva e social que atenda às suas necessidades. Os professores pedem auxílio de outros professores itinerantes e especialistas para auxiliá-lo pois ele sentem-se inseguro de seu papel. O professor tem que tentar todas as possibilidades e alternativas para que a criança acompanhe sua aula, e sem esquecer-se da atenção com os demais alunos, já que cada criança (independente se é de inclusão ou não) tem seu próprio ritmo.
Do ponto de vista da coordenação e direção da escola: A formação dos professores está fraca no assunto inclusão. Eles chegam despreparados profissionalmente e emocionalmente para lidar com tais alunos, tratando-os muitas vezes com preconceito e reafirmando a exclusão escolar. Por causa da escola e do corpo docente não estar preparado, as famílias ainda ficam em dúvida se matriculam seus filhos numa escola regular ou não. Falta muitas vezes para a escola ouvir a própria criança, que fica excluída e mais uma vez sem voz ativa.
Muitas vezes a criança é vista na escola como uma completa deficiente, são esquecidas e ignoradas suas habilidades e especificidades. Torna-se excluída, sem voz e sem participação na sala de aula. Se a criança tem necessidades especiais motoras, sua habilidade cognitiva também é ignorada e vice-versa. Acabam por vezes completamente homogeneizadas em meio às outras crianças e numa tentativa de incluí-la, ocorre a exclusão pela falta de observação das suas reais necessidades. Não é porque uma criança possui necessidades especiais que ela deve ficar isolada num canto da sala, longe de seus colegas. Ela não pode ser invisível e ser tratada como uma criança que não carece de atenção. A escola não pode ser excludente.
O sistema educacional precisa rever seus conceitos para que a inclusão não torne-se uma exclusão. O foco precisa ser a relação professor e aluno com reciprocidade, mutualidade e bi-direcionalidade. A pergunta que fica na cabeça dos profissionais da educação é: a relação do professor com o aluno deficiente deve ser diferente da relação com os demais? Acredito que a resposta seja sim e não. Deve ser igual no trato pessoal, exigindo do aluno como se exige dos outros, não deve ser tratado com preconceito nem com indiferença, mas deve ser diferente ao ser observada as necessidades do aluno que muitas vezes têm um ritmo diferente dos colegas (embora cada criança tenha seu ritmo, o professor tem que tratar cada aluno conforme suas habilidades, independente se deficiente ou não)
Finalmente, um sistema educacional que exclui ao invés de incluir não é eficiente para nenhum dos atores envolvidos. Devemos parar de colocar a culpa nos pais, ou nos professores, ou na direção e nos unir para estudar o caso de cada criança especificamente. Acredito que essa é a melhor forma de acolher o aluno com necessidades especiais dentro da escola, sem preconceito e de acordo com sua necessidade. As faculdades de graduação e as escolas também devem investir na formação continuada de seus professores para que eles acompanhem as evoluções e descobertas, para que troquem informações e aprendam cada vez mais sobre a inclusão.
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