Trabalhar e discutir a sexualidade na escola é um questão bastante delicada. Nós professores temos dificuldades devido ao preconceito, aos tabus e ao pudor da sociedade. Porém a informação e a orientação são nossas maiores aliadas e com elas podemos diminuir os altos índices de gravidez e aborto na adolescência, por exemplo. Os jovens não tem as devidas orientações, muitas vezes seus próprios pais tem vergonha de abordar o assunto e assim eles acabam aprendendo sobre a sexualidade de forma errônea, e é aí que ocorre a gravidez - por descuido e por falta de informação.
Nossa sexualidade acompanha nosso desenvolvimento. Ela existe em nosso corpo desde o nascimento e durante a infância apresenta diferentes fases. Em cada idade temos diferentes zonas corporais que nos proporcionam sensação de prazer:
- Primeiros anos: fase de prazer oral;
- 18 meses aos 4 anos: fase de prazer anal;
- 3 a 5 anos: fase de prazer genital infantil;
- 6 anos até a puberdade: fase de latência;
- Adolescência: fase de prazer genital adulta.
Puberdade e adolescência são fases diferentes. Enquanto a puberdade tem uma relação mais com o desenvolvimento biológico e físico propriamente dito (hormônios, desenvolvimento órgãos genitais...) a adolescência tem relação com o desenvolvimento psicossocial, familiar e interpessoal (relacionamentos e amadurecimento).
É a puberdade que faz os adolescentes sentirem uma invasão de novas sensações e descobertas no seu corpo e no corpo do outro. É período de transformações físicas e fisiológicas bastante conturbado e que carece de explicação e orientação.
Dentre as práticas sexuais dos adolescentes estão: a masturbação, o ficar, o namorar, a homossexualidade, e a relação sexual em si. Diferente do que algumas pessoas pensam, a masturbação não deve ser encarada como uma patologia. É na verdade uma descoberta do próprio corpo natural, pois desde a infância já descobrimos o prazer que nosso corpo propicia a nós mesmos. A masturbação permite a passagem da atividade autoerótica infantil e narcísica para uma atividade autoerótica relacional, com o outro. Devemos nos preocupar com a masturbação se ela causa angústia no adolescente ou se ele desenvolve uma compulsão.
O ficar também é uma fase de descoberta onde os casais se acariciam, se beijam, se abraçam mas de forma descompromissada e superficial. Quando "ficantes" os adolescentes não seguem a fidelidade. Pode ocorrer o ato sexual nas "ficadas". O namoro é a mesma descoberta mas difere no quesito fidelidade, compromisso e responsabilidade.
A virgindade é uma questão cultural e social. Cada lugar ou família aborda a virgindade de uma maneira. Nossa sociedade infelizmente estimula os meninos a perderem a virgindade tanto mais cedo possível, enquanto as meninas tanto mais tarde possível. É uma distorção machista onde os meninos podem procurar o prazer e o sexo e as meninas deve se resguardar.
A homossexualidade também é uma questão cultural, que felizmente vem ganhando mais orientação com o passar do tempo. Porém, ainda vemos tristemente notícias de discriminação e violência contra os homossexuais. É comum na adolescência surgir a dúvida sobre qual sexo sentimos atração. Repetindo: é uma fase de descoberta.
Todas essas informações devem ser passadas aos nossos alunos adolescentes e até mesmo para as crianças devem ser passadas algumas informações. Tudo para fornecer uma passagem saudável da adolescência para a vida adulta, fazendo com que os jovens descubram sua sexualidade de forma sempre segura e consciente. É extremamente importante ressaltar os métodos contraceptivos como camisinha e pílulas anticoncepcionais para que não ocorra uma gravidez indesejada e precoce. A sexualidade e a afetividade são saudáveis e importantes em nossas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário